Sexualidade na terceira idade: tabus e realidade

26/05/2022

Sexualidade na terceira idade: tabus e realidade.

RESUMO: A presente pesquisa foi escrita com objetivo de informar e conscientizar o publico idoso sobre como a sexualidade na terceira idade é carregada de tabus mediadas através de uma influência social, cultural e midiática que interferem negativamente na auto estima e a vivencia de uma sexualidade saudável.

PALAVRAS-CHAVES: Sexualidade, terceira idade, auto estima.

· INTRODUÇÃO:

De acordo Trindade e Ferreira (2008) a sexualidade está além de fatores apenas biológicos e físicos, sendo assim podemos citar que é de grande importância se referir a aspectos psicológicos e sociais que também interferem em uma sexualidade saudável, como a questão de estereótipos, autoestima e o padrão social.

Segundo Moura, Silva & Santos (2019) A sexualidade na velhice remete, muitas vezes, a estereótipos preconceituosos e irreais, sendo um tabu entre as pessoas idosas.

Envelhecer é um processo fisiológico decorrente da passagem do tempo, resultando em alterações biológicas, sociais, psicológicas e na sexualidade do indivíduo. A sexualidade é um conceito abrangente, subjetivo, além do ato sexual em si. A sexualidade envolve o sujeito como um todo e não se esgota com o processo de envelhecimento, apenas se modifica. Observa-se, no entanto, a existência de estereótipos em relação a sexualidade na velhice, que traz consequências negativas na vivencia de uma sexualidade saudável na terceira idade. (Flôres, 2013).

· MATERIAIS E MÉTODOS:

A presente pesquisa apresenta como tema a Sexualidade na terceira idade e os tabus carregados através de estereótipos criados pela cultura e um padrão social que traz consequências negativas na autoestima, influenciando na sexualidade e saúde mental como um todo. Para tal, a autora utilizou-se de revisão bibliográfica de artigos científicos relacionados à sexualidade, sexualidade na terceira idade, autoestima, padrão social e estereótipos. A autora no primeiro momento pretendeu reunir todas as informações apresentadas acima, para posteriormente liga-las e estabelecer uma análise comparativa em relação aos temas e suas consequências. Sendo assim, a partir das informações coletadas através dessa pesquisa pode-se observar que a sexualidade é perpassada por várias questões além do físico e biológico, sendo que a social e psicológica têm grande efeito em seu desenvolvimento saudável.

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Sexualidade

Segundo Laplanche e Pontalis (1988), a sexualidade não diz respeito apenas a uma funcionalidade genital, de reprodução e de prazer, mas de toda uma construção da excitação desde a infância que está ligada a uma satisfação de necessidade fisiológica fundamental.

Para Trindade e Ferreira (2008) a sexualidade está além de fatores apenas biológicos e físicos e tem de ser visto em sua totalidade com seu aspecto biológico, físico, psicológico e social.

De acordo com Gozzo et al. (2000), por muito tempo o sexo foi visto apenas como um intercurso de reprodução, sendo que a sociedade reproduzia um discurso cultural que colocara o prazer em um lugar de pecado e imoralidade. Essa repressão sexual sempre foi mais presente nas mulheres, tendo em vista que o prazer masculino é apontado como natural e o feminino é negado, ligado à culpa e o constrangimento.

3.2 Sexualidade na terceira idade

Segundo Flôres (2013) a sexualidade abrange uma ampla dimensão pessoal que é intrínseca ao ser humano e constitui seu todo biopsicossocial e espiritual. Refere-se, portanto, não apenas a uma dimensão biológica, mas também a um universo dotado de subjetividade. A atividade sexual muda em intensidade e frequência com a idade. Os fatores que influenciam essas alterações são alterações fisiológicas, medicamentos, presença de doenças, percepção negativa da imagem corporal, condicionamento físico e transtornos mentais. Além disso, a sexualidade é influenciada pelo ambiente, criação, cultura e prática religiosa em que essa pessoa está inserida. Vale destacar também os aspectos específicos das relações que o indivíduo constrói, tais como: Estado civil, cumplicidade relacional e condição física do parceiro.

A passagem dos anos determina mudanças importantes no aspecto físico e na fisiologia da sexualidade no idoso. O envelhecimento é um fenômeno biológico, psicológico e social que afeta o homem ao longo de sua existência, modificando sua relação com o tempo, com o mundo e com sua própria história. O ato sexual é complexo e envolve corpo, mente e emoções. Embora natural, prazeroso, expressão emocional e meio de procriação, o sexo permanece envolto em preconceitos, mitos, tabus, leis e dogmas que histórica e culturalmente estão sujeitos a valores mutáveis. (Flôres 2013)

3.3 Autoestima, autoconceito e autoimagem

Segundo Schultheisz e Aprile (2013), a autoestima está diretamente ligada à saúde mental, bem estar e qualidade de vida, devido sua interferência nas condições afetivas, sociais e psicológicas de cada pessoa.

De acordo com os autores a autoestima está além da percepção física, mas também é desenvolvida de uma construção social e cultural, dada pela educação tanto formal quanto a informal que contribui com o desenvolvimento do sujeito como pessoa. Está na relação que o mesmo tem de si próprio, sobre suas competências e incompetências. A autoestima é uma forma de medir o autoconceito. O autoconceito diz respeito às diversas faces da imagem do indivíduo. (Schultheisz e Aprile, 2013, p. 39).

Os autores supracitados comentam que a autoimagem está relacionada com a autoestima, sendo que é a forma que o sujeito se vê diante do que foi aprendido social e culturalmente sobre aparência e comportamento, a forma em que se vê encaixado, ou não, nas engrenagens dos padrões sociais.

3.4 Padrão social

A cultura e o padrão social influencia na forma em que vemos o mundo e as pessoas, com a mídia somos o tempo todo bombardeados por construções de como devemos ser e agir, o que é certo, errado, o que é bonito ou feio e essas informações são armazenadas em nossas mentes como verdades que devemos seguir e se encaixar. O padrão que a mídia apresenta como certo está relacionado com magreza e juventude, trazendo um sofrimento e sentimento de culpa, forçando as pessoas a tentar parecer cada vez mais jovem e quando não consegue representar esse padrão as pessoas se sentem excluídas.

Em relação ao sexo não é diferente, sempre vemos o sexo relacionado a juventude, e no caso da mulher o estereótipo relacionado a menopausa torna o fardo ainda mais pesados, fazendo até com que as próprias mulheres acreditem que não existe prazer pós menopausa.

3.5 Tabus

A sexualidade na velhice refere-se a estereótipos tendenciosos e irrealistas, levando os idosos ao estado de assexuado e consequentemente representam um tabu, afetam negativamente suas vidas e levam a uma atitude pessimista em relação ao sexo na velhice. A crença na redução da atividade sexual está inevitavelmente associada à incapacidade funcional estereotipado em relação às pessoas mais velhas, de modo que se recebe muito pouca atenção. (RAMOS, 2018).

Assim, viver a sexualidade na terceira idade nada mais é do que continuação de um processo iniciado na infância, onde alegria, culpa e vergonha são expressões associadas a mudanças fisiológicas e anatômicas no corpo idade, então não há razões fisiológicas que impeçam as pessoas de fazê-lo. (OLIVEIRA; VIEIRA, 2018).

CONCLUSÃO

De acordo com os aspectos mencionados no artigo podemos perceber que a realidade é que a sexualidade esta além da reprodução, a sexualidade faz parte de todas as fases da vida e representa saúde física, emocional, psicológica e qualidade de vida. Podemos observar que os estereótipos em relação ao sexo na terceira idade afeta diretamente a auto estima de pessoas na terceira idade e consequentemente a saúde psicológica.

A atividade sexual deve ser feita com todos os cuidados em relação a saúde e proteção contra DST'S, independentemente da idade, pois a proteção não evita apenas gravidez, mas também doenças sexualmente transmissíveis. Sendo assim podemos concluir que o sexo diz respeito a saúde e qualidade de vida e desde que haja vontade, consentimento e discernimento deve ser vivido independentemente da idade.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

· FRANÇA, D. A CONSEQUÊNCIA DO PADRÃO DO CORPO PERFEITO NA SEXUALIDADE FEMININA. Rev. Bras. Educ. Fís. Escolar, 2019, São Paulo. Disponível em: https://docs.wixstatic.com/ugd/8ff259_5876612182e347a58c92ccedeb55bbc2.pdf

· MOURA, M. SILVA,C. SANTOS, F. A SEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE: O TABU QUE ENVOLVE OS IDOSOS. 22ªSEMOC pessoas, sociedade e meio ambiente (UCSAL). 2019.

· RAMOS, C. I. C. F. Saúde Sexual e Envelhecimento: O papel dos fatores psicológicos e crenças sexuais. 2018. Dissertação (Mestrado Integrado de Psicologia) Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação - Universidade do Porto, Portugual, 2018.

· OLIVEIRA, F. F. F.; VIEIRA, K. F. L. Sexualidade na longevidade e sua significação em qualidade de vida. Revista Brasileira de Sexualidade Humana v. 29, n.1, p. 103-109. 2018.

· FLÔRES, C.C. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA BIOMÉDICA. 2013.

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